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Segundo a Organização Mundial de Saúde, Dislexia é um “Transtorno específico de leitura (dislexia de desenvolvimento, leitura especular, retardo específico da leitura)”. “O transtorno específico da leitura vem acompanhado frequentemente de dificuldades de soletração, persistindo comumente na adolescência, mesmo quando a criança haja feito alguns progressos na leitura”.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5ª. Edição), a Perturbação da Aprendizagem Específica possui três Especificadores que são: “Leitura”, “Expressão Escrita” e “Matemática”. Dentro da Expressão Escrita, discrimina o Défice como “Precisão Ortográfica”; “Precisão Gramatical e da Pontuação”; “Clareza ou Organização da Expressão Escrita”.
Crianças, adolescentes e mesmo adultos costumam apresentar essas dificuldades em graus variados, cabendo a educadores e mais especificamente a psicopedagogos o trabalho de superação quando existir algum tipo de transtorno.
Disléxicos ou pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem podem vir a ter a dificuldade na escrita dos dígrafos (“nh”; ”ch”; ”lh”) e na percepção do uso da consoante “h”. Por ser uma letra que ora não apresenta sonorização (no caso do H inicial), ora modifica os dígrafos, e ainda pode transformar o sentido da oração (diferença entre “há” do verbo haver; e “ah” interjeição), faz-se necessário um trabalho mais específico.
Para ajudá-las na assimilação dessas distinções, são importantes as atividades abrangentes, com vários focos de trabalho. Gostaria de sugerir algumas para melhor exemplificar que utilizo em meu trabalho terapêutico.
Atividades
O primeiro passo é a identificação da sonorização dos três dígrafos (“nh”; ”ch”; ”lh”). A partir de uma lista de palavras lidas pelo terapeuta, a criança deverá identificar e relacionar algum deles com determinada ação. Dessa forma, por exemplo, deverá bater palmas quando ouvir uma palavra que tenha “nh”. A partir daí, usar palavras com um segundo dígrafo, fazendo movimento diverso (por exemplo; ao ouvir uma palavra que contenha “ch” deverá bater com a mão na mesa). Para dificultar a atividade, pode-se aumentar o ritmo da leitura e palavras que contenham os três dígrafos.
A seguir, pesquisar a história dessa consoante e a sua representação através dos tempos: hieróglifo egípcio; sumérios; gregos; etc. Pode-se também conhecer o Código Internacional de Sinais; Código Morse e Braile. Para a complementação, pedir que a criança crie o seu código e represente essa letra.
Explicar que, diferente das demais letras do alfabeto, a letra “h” não é nem uma consoante e nem vogal; é definida como letra diacrítica, como segunda letra de um dígrafo.
A seguir, deve-se fazer uma pesquisa com palavras que se iniciam com a letra H. Fazer com que a criança perceba que sempre será seguida por vogais. Para a fixação das mesmas, pedir que faça um desenho de cada uma delas.
Com a ajuda de um alfabeto, pedir que algumas delas sejam colocadas em sequência de ordem alfabética.
Outra atividade interessante é a de mostrar palavras iniciadas pela letra H com as sílabas misturadas, e pedir a identificação das mesmas. Por exemplo: ta-ha-bi-ção. Ressaltar que as mesmas se iniciam com “h”.
Tendo por objetivo a diferenciação entre o verbo haver e a interjeição, apresentar frases com as duas alternativas e pedir que explique a diferença. Por exemplo: “Nessa sala há muita sujeira”; “Ah! Que delícia de bolo”.
Caso seja possível, apresentar o artigo feminino e o pronome pessoal oblíquo “a”. Por exemplo: “Comprei a casa.”; “Vi uma calça na loja e provei-a”. Explicar a distinção das duas.
Pode-se ainda apresentar a preposição “a”, dando o exemplo: “Andei a cavalo”. Especificar a diferença entre o artigo e a preposição.
Para finalizar, apresentar um poema ou trabalho escrito usando palavras com a letra H. Veja essa sugestão:
Ler o poema com a criança, trabalhar o vocabulário ainda não conhecido, ressaltando as palavras com a letra H.
Depois, pesquisar palavras com a letra H pedir que crie um poema. Ao final, deverá ilustrá-lo.
Como se pode perceber, o trabalho psicopedagógico engloba várias áreas e não apenas aquela ligada especificamente com a Ortografia, a Leitura e a Escrita. Dessa forma, valorizando aspectos positivos da criança, desenvolvendo os que ainda apresentam dificuldades, a criança com dificuldades de aprendizagem conseguem adquirir autoestima e participarem plenamente das atividades que lhe são atribuídas, minimizando dificuldades emocionais.
Crianças, família e psicopedagogo conseguirão, num trabalho conjunto, suplantar os défices e as dificuldades do dia a dia. E esse é um dos focos do trabalho que desenvolvo na Clínica.
Referências:
https://www.aprenderebrincar.com/2012/10/livro-poema-e-atividades-com-letra-h.htmlhttps://dislexia.pt/blog/dsm-5-criterios-diagnostico-perturbacao-aprendizagem-especifica/http://www.dislexiabrasil.com.br/definicoes.aspxhttps://pt.wikipedia.org/wiki/H
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