Pela manhã, lendo alguma coisa || Leia Mais
Desde pequena sempre gostei de dar aulas; mas no meu imaginário, meus alunos nunca entendiam o que explicava, fazendo com que tivesse várias vezes que mudar a forma de transmitir os conteúdos.
Na Escola, tanto no antigo Primário como Ginásio (atualmente Ensino Fundamental I e II) nunca tive dificuldades nas disciplinas ligadas à área de Humanas como na de exatas; desse modo, sempre ajudei colegas antes das provas, além de dar aulas particulares desde muito jovem. Essa habilidade foi uma das primeiras a influenciar a tomada de decisão quanto a minha profissionalização.
Minha maior dificuldade sempre foi com as atividades ligadas à motricidade fina, ou seja, desenhar, recortar, pintar e, principalmente, a grafia das letras.
Outra experiência marcante se deu quando entrei no Fundamental II no Liceu Pasteur: descobri que todas as disciplinas eram muito valorizadas com provas e trabalhos, inclusive as de Educação Artística (desenho) e Trabalhos Manuais (tricô, crochê, bordado). Pior: a professora que ministrava as duas disciplinas não aceitava uma aluna que não conseguisse fazer coisas tão simples como desenhar a forma de uma garrafa de vidro de Coca Cola, recebendo luz de uma luminária e projetando a sombra sobre a mesa (lembro com terror até hoje dessa avaliação: passei quase a aula inteira paralisada). E mais ainda: achava que era falta de interesse e valoração de sua matéria. Não passava em sua cabeça a minha dificuldade, tentando ao máximo fazer o melhor, mas conseguindo cada vez menos.
Tentando superar esse entrave, encontrei uma colega que achei “ideal”: ela desenhava de forma maravilhosa, mas tinha dificuldade na produção dos trabalhos das outras disciplinas. Nada mais fácil do que eu fazer dois trabalhos diferentes de cada matéria, datilografando em duas máquinas distintas; e ela, fazendo meus trabalhos manuais. E tínhamos uma aposta: eu deveria entregar a ela o meu melhor trabalho; e ela, o seu pior…
Mas claro que a professora de Artes percebeu o que estava acontecendo: eu não conseguia fazer nada em sala de aula, mas entregava os trabalhos. E aqui vai o mais interessante: ela deixava claro para toda a classe, que eu tentava enganá-la. E dessa forma, todos os anos eu ficava de avaliação final, normalmente com apenas outro aluno (eu soube bem mais tarde que ele sofreu o mesmo “processo”), necessitando de notas, sem o apoio de trabalhos que complementassem a dessa prova. Um verdadeiro suplício, mas que hoje faz com que consiga me colocar no lugar tanto da professora como dos alunos com dificuldades.
A escolha de Pedagogia parecia óbvia: iria “aprender a aprender” a dar aulas, tanto na parte teórica como prática. Mas na época, a grande ênfase era apenas as diversas teorias de pensadores, com pouquíssima prática, o que me deixava um pouco frustrada.
O grande diferencial se deu quando abriram vagas no Instituto Mackenzie para um trabalho que uniria a Pedagogia com Estatística. O Instituto guardara provas bimestrais de várias disciplinas e gostaria de montar uma “prova ideal”, com questões de diferentes gradações de dificuldades. Para isso, esse material deveria ser analisado, com o objetivo de fazer inferências sobre as causas dos erros dos alunos.
Adorei esse trabalho, assim como uma nova perspectiva de entender o aprendizado: a importância do erro, e não do acerto.
Já formada, consegui um trabalho na clínica do C.I.A.M. (Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar) como pedagoga. A clínica era composta de vários profissionais (assistente social, fonoaudióloga, psicóloga, psicomotricista, sob a direção clínica de uma psiquiatra). Atendia crianças e adolescentes com várias síndromes, e no meu caso, as com dificuldades de aprendizagem. Diferente dos demais profissionais que haviam estudado para a função que estavam exercendo, eu sabia muito pouco sobre as dificuldades dos pacientes. Tive que criar materiais para trabalhar com eles e, participando das reuniões da equipe, entender cada um dos problemas.
Isso me levou a procurar estudar mais, porque a sensação que tinha era “só sei que nada sei”. Fiz várias especializações como às de Literatura, Redação e Produção de Texto, Matemática e só mais tarde, Psicopedagogia.
Com a decisão da diretoria em fechar a clínica do CIAM, tive que ser empreendedora junto com algumas das terapeutas que haviam trabalhado comigo, abrindo o nosso espaço de atendimento. Mais tarde, abri meu próprio consultório com menos profissionais.
Sempre senti necessidade de criar materiais, tanto na área de Leitura e Escrita como na de Matemática, porque sentia que os que existiam no mercado não supriam as necessidades dos meus pacientes.
Com o advento dos primeiros computadores com editores de texto, aposentei o mimeógrafo a álcool, comecei a digitar o material e imprimi-lo. Foi um avanço memorável!!!
Em viagens ao exterior, comecei a trazer softwares educativos que pudessem tanto ser usados com os meus pacientes como também implantá-los em Escolas, que na época, também estavam iniciando o processo nos Laboratórios de Informática. Não apenas traduzia os manuais para o português, como também dava sugestões de como usá-los.
Num desses cursos, conheci duas pessoas que estavam procurando uma autora de softwares para desenvolver materiais no Brasil. Fizemos uma parceria (Byte& Brothers) e criamos vários softwares educativos como o Ortografando (ganhador de prêmios), Fracionando, Iniciando, dentre outros.
Com a pirataria dos softwares, nossa parceria terminou, assim como as demais indústrias de softwares nacionais e internacionais.
Tempos depois, fui procurada por uma empresa de propriedade do Dr. Rogério Tuma para trabalhar num portal de Educação (Ensino.net) direcionado tanto para professores como alunos da Educação Infantil até o Ensino Médio. Trabalhei com uma equipe maravilhosa durante anos, implantando laboratórios de informática e treinando professores no uso do site.
Ao terminar esse trabalho, resolvi escrever o que chamei de Portal Judaico, um site nos moldes do que já criara, mas para a área judaica com ênfase não nos conteúdos, mas na transmissão dos mesmos. Tentando conseguir patrocínios, procurei várias autoridades e, com o apoio deles, tentei alavancar esse projeto. Mas, infelizmente, não obtive sucesso e o mesmo se encontra estagnado até agora.
Sempre continuando com o trabalho terapêutico na Clínica, fui procurada por um grupo de pessoas que estavam criando um sistema de trabalho para mim desconhecido na época: uma cooperativa. E com isso, nasceu o trabalho que também exerço agora, dentro da Coopermiti, uma cooperativa-modelo de tratamento do lixo eletroeletrônico para a cidade de São Paulo. Crio materiais para professores e gestores, projetos e planos de aula para a preservação do meio ambiente.
Usando os materiais que foram doados deu-se início ao Museu da Tecnologia, com pesquisas sobre a época de seu uso, empresa que as criou e dados sobre o mesmo.
Trabalhando na clínica (atendendo crianças e adolescentes, orientando pais e Escolas na melhor forma de ajudá-los) assim como na Coopermiti, disponibilizando de forma gratuita mais de 26.000 planos de aula e projetos, acredito estar ajudando não apenas os meus pacientes, mas dando o meu esforço para a melhora da qualidade das escolas e a vida de nossa cidade.
CURRÍCULO DE MELANIE GRUNKRAUT
Participação em Organizações Profissionais
- Psicopedagoga Clínica, atendendo crianças e adolescentes com problemas de aprendizagem tanto na área de Leitura e Escrita, como Matemática.
- Autora de dez softwares educativos junto à Empresa Byte & Brothers.
- Diretora de Conteúdo do Portal Ensino. net.
- Responsável pela área de Educação e Museu da Informática do Portal da Cooperativa de Lixo Eletroeletrônico Coopermiti.
Qualificações:
- Autora do Projeto de um Portal Judaico com o objetivo de criação de projetos e planos de aula específicos para a comunidade.
- Participante da equipe de criação do Thesaurus que serve de base para a indexação de sites e conteúdos da Coopermiti.
- Criação de Projetos e Planos de aula para professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio além de materiais específicos para Gestores.
- Responsável pela seleção de projetos e planos de aula para professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio, com a inserção de ementa explicativa dos mesmos.
- Responsável pela seleção, avaliação e indexação de imagens, vídeos e jogos para a área de Recursos do portal da Coopermiti.
- Responsável pela pesquisa e elaboração de materiais do Museu da Informática da Coopermiti. Esse Museu contém mais de mil peças que podem ser vistas online através do Portal ou em feiras de Ciências nas Instituições de Ensino.
- Psicopedagogia Clínica com atendimento individual de crianças e adolescentes com problemáticas tanto emocionais como pedagógicos, desenvolvendo a auto-estima além de habilidades e competência para um bom desempenho escolar e relacionamentos pessoais. Esse trabalho tem enfoque tanto na postura como aluno como em relação aos conteúdos (organização de estudos e tutoria em todas as disciplinas do Ensino Fundamental I e II).
- Orientação às Escolas (professores e orientadores) e pais a respeito da problemática dos alunos e filhos, propiciando um melhor conhecimento e desenvolvimento, melhorando as relações interpessoais e intrapessoais.
- Autoria de Softwares Educativos para crianças e adolescentes na área de Expressão e Comunicação, Matemática e Desenvolvimento de Habilidades;
- Autora de Materiais usados pelos usuários da Clínica de Psicopedagogia.
- Palestrante em Escolas para pais, alunos e professores sobre problemáticas relativas às relações interpessoais assim como consultoria pedagógica ligada as áreas de Leitura-Escrita e Matemática.
Formação:
- Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo;
- Especialização em Redação Infanto-Juvenil na Instituição Sedes Sapeense, São Paulo;
- Especialização em Literatura Infanto-Juvenil pela mesma Instituição.
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