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jan
Segundo a definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association e pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD, Dislexia do Desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas.
A complexidade em entender a dislexia está ligada à dificuldade em entender o ser humano: como ele aprende, nas relações entre percepção, linguagem, memória, pensamento.
Mas por que:
- Algumas crianças aprendem de forma muito fácil e outras têm tantas dificuldades em algumas áreas e facilidades em outras?
- Achamos que uma criança que se expressa muito bem verbalmente, não consegue colocar suas ideias na escrita de forma coesa e ortograficamente correta?
- Uma “criança boa” na aprendizagem verbal, não deveria também o ser na escrita?
- Uma criança tem tanta dificuldade na leitura que não consegue traduzir (reproduzir) os fatos principais? E interpretar? E dar a sua opinião sobre os dados do texto?
- Para algumas sempre é tão difícil o processo do letramento (alfabetização) e outras crianças o fazem de forma fácil, relacionando os grafemas e os fonemas?
- Por quê????
Atualmente, existem algumas respostas como a de que a Dislexia tem base neurológica, e que existe uma incidência de fator genético em suas causas, transmitida por um gene de uma pequena ramificação do cromossomo # 6 que, por ser dominante, torna Dislexia altamente hereditária, o que justifica que se repita nas mesmas famílias.
Quando se atende pais que fazem a queixa das dificuldades de leitura e escrita dos filhos, um argumento que muitos pais usam é o de que “também tive isso, mas consegui superar tudo, sem nenhum atendimento”.
Como psicopedagoga, a primeira pergunta que faço é se o “superar tudo” equivale a ser um bom leitor nos dias de hoje e fazê-lo com prazer. E a segunda pergunta é: “A que custo? Com que sofrimento psicológico (baixa auto-estima, dentre outros)? Você quer o mesmo para seu filho (a)?”
Em estudos sobre Saúde e Educação chegou-se à conclusão que o disléxico tem uma área mais desenvolvida no hemisfério cerebral lateral direito, justificando a sua maior expressão da sensibilidade, visualização em três dimensões, criatividade na solução de problemas, intuição e artes, esportes, dentre outras.
Outra descoberta importante foi a do Dr. Breitmeyer que afirmou que há dois mecanismos inter-relacionados no ato de ler: o mecanismo de fixação visual e o mecanismo de transição ocular que, mais tarde, foram estudados pelo Dr. William Lovegrove e seus colaboradores. Segundo eles, crianças disléxicas e não-disléxicas não apresentavam diferenças na fixação visual ao ler. A dificuldade está mais na transição do correr dos olhos, na mudança e foco de uma sílaba para a outra. ( https://www.dislexia.com.br/).
Segundo a Dra. Sally Shaywitz, da Yale University, houve uma significativa descoberta neurofisiológica: a falta de consciência fonológica do disléxico é um determinante forte da probabilidade de sua falência no aprendizado da leitura. (O DÉFICIT EM CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E SUA RELAÇÃO COM A DISLEXIA: DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO).
Podem-se perceber alguns sinais quando a criança frequenta a Educação Infantil. Dentre eles podemos destacar dificuldade em aprender rimas e canções; dispersão e desatenção; dificuldade na coordenação motora; falta de interesse em livros.
Mais tarde, dificuldade na aquisição da Leitura e da Escrita, desorganização de materiais, dificuldade na manutenção da atenção e dispersão; seleção vocabular na escrita (por exemplo, ao não saber escrever corretamente a palavra “criança”, opta por “menino”), trocas ortográficas, entre outros.
O que se deve fazer com essas dificuldades? O ideal é uma avaliação neuropsicológica e psicopedagógica. A partir do diagnóstico, que pode incluir outros profissionais como um fonoaudiólogo para a realização de uma audiometria e um exame de Processamento Auditivo; e um neurologista, se for necessário.
Com o diagnóstico diferencial, iniciar o atendimento que visará não apenas a melhora pedagógica, mas principalmente a psicológica com o crescimento da auto-estima e a valorização dos pontos positivos a cada etapa do processo.
Meu trabalho clínico confirma que as melhoras são significativas com a superação das dificuldades e o aumento da autoestima.
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