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De acordo com a International Dyslexia Association (IDA), a Dislexia é um distúrbio de aprendizagem de origem neurológica e genética (e por isso, hereditária) que se caracteriza pela dificuldade de leitura e escrita; essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem (consciência fonológica). Essa característica genética se configura entre a décima sexta e a vigésima quarta semana de gestação.
Segundo Condemarin (1989), entre os principais fatores que influenciam a aprendizagem da leitura encontram-se a percepção, o esquema corporal, a noção temporal e a linguagem. Como causa neurológica desse transtorno à falta de maturação do hemisfério esquerdo responsável pela linguagem, pensamento analítico ou racionalização, cálculo, verbalização e inteligência. É importante ressaltar a importância da aquisição da fala: atrasos podem também ser considerados um dos sinais da dislexia.
A dislexia apresenta outros sinais como: maior dificuldade de concentração ou a manutenção da atenção, dificuldade na soletração, dificuldades ortográficas como a troca de grafemas (letras) e fonemas (sons) parecidos, além de lentidão na aprendizagem.
Dentre os fatores visuais que podem estar associados à Dislexia de acordo com Farrel (2008), é a convergência ocular, importantíssima à acomodação e ao rastreamento da leitura. “Os olhos convergem sobre as letras do texto impresso ou manuscrito a uma distância de aproximadamente 30 centímetros, para garantir que o cérebro receba um quadro unificado das letras e palavras”, afirma. Quando há dificuldade de rastreamento, a pessoa tende a perder facilmente sua localização no texto.
Por outro lado, a discalculia é um transtorno de aprendizagem caracterizada por uma inabilidade ou incapacidade de pensar, refletir, avaliar ou raciocinar processos ou tarefas que envolvam números ou conceitos matemáticos. De um modo geral, é uma desordem neurológica que afeta a habilidade de uma pessoa em compreender e manipular números. Percebe-se desde muito cedo, mas é na escola que todos os sinais e dificuldades se expressam de maneira clara e explícita, pois as exigências são maiores e a sequenciação de tarefas que envolvem a aritmética e proporções passam a ser rotineiras.
Existem algumas semelhanças entre a dislexia e a discalculia. Ambas se apresentam como problemas genéticos e, portanto, hereditários, além de não terem relação com a inteligência, nível intelectual ou ambiental. Estatisticamente, existem várias crianças que apresentam as duas disfunções, mas devem ser trabalhadas de forma independente. A discalculia também pode ser causada por um Déficit de Percepção Visual.
Entre os sintomas da discalculia podemos perceber a lentidão da velocidade de trabalho; a falta de mecanismos como tabuadas e sequências numéricas decoradas; problema com orientação espacial; não saber posicionar os números de uma operação na folha de papel; dificuldade com as operações básicas; não automatização das informações (memória de trabalho – dificuldade em armazenar e buscar o que foi ensinado).
Podem-se perceber dificuldades na memória de longo prazo como esquecer o que foi dado de lição de casa, em lidar com grande quantidade de informação de uma só vez, confusão de símbolos (= + -. < >); entender palavras usadas na descrição de operações matemáticas como: diferença, soma, total, conjunto, etc.
Dentre os sintomas da discalculia podemos notar a tendência a transcrever números e sinais erradamente em exercícios como expressões (problema de sequenciação). De um modo geral, a pessoa com discalculia consegue entender conceitos matemáticos de uma forma bem concreta; ou seja, apresenta um pensamento lógico intacto, mas sua dificuldade em trabalhar com números, símbolos, fórmulas e enunciados a prejudicam.
Como sugestões para o trabalho em sala de aula, destacamos: permitir o uso de calculadora, tabela de tabuada e o uso de caderno quadriculado. Assim como na dislexia, nas provas e avaliações oferecer questões claras, diretas e reduzir o número de questões. Outra sugestão é a do aluno fazer sozinho todas as provas com prazo estendido; com a presença de tutoria para certificação da compreensão das questões; prova oral e ditando para que alguém transcreva as respostas. Também é importante moderar a quantidade de lição de casa.
Quanto aos problemas de matemática, a visualização do mesmo com o uso de desenhos e reprodução pode ser de grande valia. Mas é importante que se preste atenção no processo utilizado pela criança, como o tipo de pensamento que usa para resolver o problema.
A diminuição da quantidade de ordens de execução de atividades ajuda muito às crianças com dislexia e discalculia, assim como pedir a realização de trabalhos práticos avaliativos, sempre com ênfase nos pequenos sucessos, com elogios.
Não existe um método único para o atendimento da dislexia e da discalculia, sendo o uso da medicação indicado para os casos em que a criança apresente TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). É o psicopedagogo auxiliado pelos outros profissionais (neurologista, neuropsicólogo e às vezes, pelo neuropediatra) que fará o atendimento das crianças e adolescentes, escolhendo a melhor atuação e orientando a família e a Escola para a superação das dificuldades.
Transtornos específicos da aprendizagem: Dislexia e Discalculia
Dislexia: sintomas, tratamentos e causas
Dislexia: Uma abordagem multicausal dentre os fatores relacionados ao transtorno
O que é Discalculia?
O que é dislexia?
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM MAIS FREQUENTES
DISLEXIA E SEUS SINTOMAS
UTILIZANDO A CALCULADORA NAS AULAS DE MATEMÁTICA
Matemática e literatura infantil: sobre os limites e possibilidades de um desenho curricular interdisciplinar
O desafio de educar lidando com os problemas na aprendizagem e no comportamento
GUIA DE BOAS PRÁTICAS: do diagnóstico à intervenção de pessoas com transtornos específicos de aprendizagem
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