Colecionando perdas e ganhos

Colecionando perdas e ganhos

Andei dando uma espiada no meu Facebook. A todo momento recebo noticias e posts sobre envelhecimento.

Como é que “ele” sabe que tenho mais de 60?

Certamente já perguntei e sei que existem algoritmos que selecionam o que vejo, o que me interessa e o que mais olho.

Mesmo assim, confesso que tenho certa dificuldade em compreender, qual o interesse do tal “algoritmo” relacionado a minhas preferencias.

Tenho muitos interesses, sou antenada mas certamente o tal “algoritmo” que escolhe o que vou ou não ver em minha pagina é um tanto limitado!

Uma amiga, a tempos atrás disse-me que o computador é um “burro rápido”. A melhor definição que ouvi até hoje.

Atualmente há tantos sites, posts, entrevista, palestras, etc., sobre longevidade, envelhecimento, terceira idade…que estou ficando enjoada!

Já não basta estar ficando mais velha: tenho ainda que ver a todo tempo, noticias e informações sobre a tal “melhor idade”. Melhor idade onde????

Ando mais cansada, preciso escolher o que vou dar preferência, cuidar de não assumir muitos compromissos num mesmo dia, e me responsabilizar por ter deixado coisas a fazer.

Os tais sites para os “maduros” (outro dia me veio a ideia de que somos maduros, pois quase estamos caindo do galho!), fazem tantas solicitações, vem com tantas propostas tentadoras, que no fim são como todos para qualquer idade. Fico sempre com a sensação que estou perdendo alguma coisa importante!  Será que estou mesmo? Sim estou. Tenho certeza.

Perdendo tempo, saúde, paciência e principalmente a oportunidade de me recolher, e me dar o direito de perder sem remorsos, seja lá o que for!

Viver é colecionar perdas, afinal toda vez que optamos por qualquer gesto que seja, estou abrindo mão de centenas de outras coisas.

O fato de ter vivido muito mais que a metade da minha vida, proporciona um repertorio de experiencias que me ajudam a pensar e escolher o que mais interessa. A examinar o que minha alma prefere. A dar um tempo e perceber o que faz sentido ou não para mim. 

Acho que ganhei um pouco de sabedoria ao longo do meu viver. E este bem, não tem preço! É inegociável!

Miriam Goldstajn

Psicóloga