17
fev
Segundo David Thornburg, consultor educacional, palestrante, CEO de Congressos de Educação e autor americano, as pessoas têm dificuldade em aprender e reter os conteúdos por não passarem de forma adequada pelas quatro etapas do processo de aprendizagem.
A pergunta que ele se fazia é o porquê das pessoas não conseguirem apreender e reter informações relevantes para elas, esquecendo-as depois de algum tempo. Sabe-se que esse processo pode fazer parte da normalidade, mas a indagação se refere ao porquê de alguns dados ficarem retidos e outros, esquecidos de forma rápida. Ou melhor, seria a resposta a esse questionamento uma ajuda a crianças e adolescentes com problemas de aprendizagem? Como ajudá-los a aprender de forma mais fácil e mais prazerosa?
Segundo Thornburg, a resposta é a de que a pessoa não respeitou as etapas, pulando ou não se atendo de forma adequada às demais.
David ressalta que não existe uma sequência das etapas, podendo-se iniciar com qualquer uma e seguir conforme sua necessidade ou vontade.
Mas quais são elas?
Uma das etapas é conhecida como Fogueira. O termo foi escolhido porque todo conhecimento, toda informação, normalmente traz uma sensação de calor, de algo agradável. Não importam quais são as fontes da informação: pode ser uma palestra ou aula, uma leitura de livro ou qualquer outra mídia, um filme, etc. É um momento solitário, em que a pessoa recebe os impulsos que mexem com a sua parte interna.
Outra etapa é chamada de Água. Thornburg percebeu que as pessoas, não importando a faixa etária, depois de receberem novas informações, gostavam de ficar perto de algum lugar que tivesse algum tipo de “água” para conversar e trocar ideias. Podia ser um bebedouro ou um lugar para tomar café: um local de compartilhamento, de troca de ideias e de experiências, onde as pessoas falavam e escutavam seus parceiros sobre qualquer tema.
David nos fala da etapa denominada “Caverna”. Nesse “espaço” normalmente silencioso, as pessoas refletiam sobre o que viram e ouviram, fazendo relações com seus informes e experiências, refazendo seus pensamentos e sensações. É um espaço único e individual.
A etapa chamada de “Vida” tem relação à aplicabilidade dos conhecimentos e de suas relações. Essa falta faz com que as informações se instalem apenas nesse patamar: algo que, mesmo sendo importante, pode não ser relevante e devido a isso, passível de ser “esquecido”.
O que pode ocorrer se alguma das etapas não for respeitada?
Partamos da ideia de não termos a Fogueira. Ou seja, não tenhamos uma fonte nova de conhecimentos, mas sim a Água (conversa sobre o tema), Caverna (introspecção) e Vida (aplicação). Provavelmente teremos novos enfoques sobre a mesma informação, mas não teremos a amplitude do novo.
Outra opção é de não temos a Água, as conversas sobre o tema. Essa falta empobrece a aquisição do conhecimento, não dando oportunidade da pessoa falar de suas opiniões, confrontando-as com seus colegas. Infelizmente, ainda hoje em algumas salas de aula, professores não se ativeram a importância das conversas em sala, achando que as mesmas não trazem contribuições, sendo “perda de tempo”.
No caso de não termos a Caverna, tempo em que as pessoas têm para relacionar fatos com os já conhecidos, pode fazer com que não haja uma inter relação, e os conhecimentos podem vir a serem sentidos sempre como “novos”, sem nada que os relacione e passíveis de ficarem isolados. Fatos “perdidos” são fatos “esquecidos”, fazendo que o aprendizado seja um conjunto de “novos”, sem sentido.
No caso da falta da Vida, percebe-se no questionamento dos alunos: “O que vou fazer com isso? Para que preciso saber dessa coisa?” Aplicação dos conhecimentos é fundamental para o processo educativo, para o crescimento pessoal.
Mas quanto tempo deve-se usar em cada etapa? Depende unicamente de cada um, pois somente a pessoa é que pode decidir e definir o processo. O papel da Escola e dos pais é o de fornecer condições para que o processo ocorra, minimizando situações que prejudiquem a aprendizagem.
É também papel dos educadores ajudarem as crianças a perceberem a necessidade de todas as etapas, para aumentar a garantia de que conhecimentos sejam incorporados, modificados e transformados em algo pertinente.
Fazer a mudança de informação para formação, entre “problemas de aprendizagem” em “postura ativa frente à aprendizagem”, é um dos papeis do Educador e principalmente do Psicopedagogo.
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