27
fev
Há algumas semanas escrevi sobre a importância do falar.
Além disso, percebo-me constantemente pontuando a dificuldade que é ser entendido. Depende sempre de quem fala, como fala, de quem escuta e como escuta.
Escutar o outro, pressupõe o despojamento de si.
Como assim?
Para que se escute e acompanhe quem fala, faz-se necessário, além de dar o próprio tempo, “esquecer” pensamentos e ideias e colocar-se a disposição do outro. Além da empatia necessária.
Introduzo um novo elemento: A Empatia
Empatia significa a capacidade para sentir o que sentiria uma outra pessoa, caso estivesse na mesma situação. Nem todos nascem capazes, mas há a possibilidade de desenvolvê-la ao longo da vida.
Ouvir sem julgar, permitir-se absorver a questão do outro, requer atenção e disponibilidade. Escutar não é só ficar atento a palavra de quem fala: é perceber os gestos, expressões, entonação de voz, postura.
Somos um enorme “livro” a ser lido e escutado.
A riqueza do humano em cada um de nós existe, mesmo sendo tênue. Alguma comunicação acontece. Sempre. O encontro entre pessoas, sempre é rico em comunicação e sinais.
Saber escutar e ler as mensagens comunicadas, requer muita paciência e observação.
No começo de minha atividade profissional, ouvia de certos pacientes, que meu trabalho era bem fácil: apenas ficar sentada escutando…
Com os anos e experiencia, isso não mais ocorreu. Provavelmente melhorei minha escuta. E minha capacidade empática!
Estar disponível para o outro, requer capacidade e tolerância dos próprios conteúdos.
Aceitar o gesto possível de cada pessoa que encontramos pela vida. Muitas vezes, a escolha é de não aceitação e afastamento.
Ser empático e escutar o outro, nem sempre é possível. Cada um com suas possibilidades e limites.
Para isso, o melhor é buscar conhecer-se e assim caminhar pelos encontros da vida, sabendo o que é possível ou não.
O que é tolerável ou não. E mesmo sabendo disso, cometemos gafes e mal-entendidos!
Exercício diário de paciência e reflexão, que muitas vezes não é possível.
Assim, perder a paciência, ou não querer escutar é uma escolha de cada um. E como toda escolha, tem um preço.
Às vezes podemos escutar. Às vezes não.
Depende de cada encontro, que é único e impossível de ser reproduzido.
Cada um que me lê agora, está lendo como é capaz e “escutando” o que escrevo com os recursos que tem.
E assim continuamos na vida, tentando nos comunicar!
*A empatia é diferente da simpatia, porque a simpatia é maioritariamente uma resposta intelectual, enquanto a empatia é uma fusão emotiva. Enquanto a simpatia indica uma vontade de estar na presença de outra pessoa e de agradá-la, a empatia faz brotar uma vontade de compreender e conhecer outra pessoa.
A simpatia, por exemplo, costuma unir as pessoas através das afinidades, ou seja, do que elas possuem em comum. Já a empatia não costuma acontecer necessariamente por afinidade, já que ela ocorre por um processo de compreensão da situação vivida pela outra pessoa.
Miriam Goldstajn
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