02
set
Quando pequena, via maravilhada um programa importado dos EUA: Papai Sabe Tudo!
Na minha ignorante ingenuidade, pensava, o que teria a minha família de errado, pois nem todos eram sempre sorridentes, ou quando algo saía do esperado, levava broncas homéricas dos meus pais! Desejava que minha família fosse como a da TV.
Propaganda de creme dental então…dentes brancos, lindos e sem o menor vestígio de manchas, mas para isso só o produto X seria indicado.
Vivemos uma ditadura onde ser feliz, lindo e bem-sucedido é a palavra de ordem.
Felizmente, depois de crescer um pouco, fui percebendo que a maioria das pessoas eram como eu, as amiguinhas conversando sobre seus problemas familiares; fiquei mais sossegada, mas a cobrança social continua.
Ser feliz, faz parte do cardápio da maioria das pessoas, mas não passa de um padrão imposto e irreal. Viver onde não cabe o imprevisto, o feio, o engano e o erro, traz insatisfação e tristeza.
As adversidades nos moldam e fortalecem. A resiliência é importante e construtiva. E poder ser resiliente, gera a possibilidade criativa em solucionar as questões que surgem ao longo da vida.
Minha geração, crescia com a ideia de que estudar e se diplomar era a garantia de um bom desenvolvimento profissional. A partir de 1990, o conceito mudou.
Resiliência, para a psicologia, é a capacidade que cada um tem de enfrentar problemas, suportar pressão e ter flexibilidade em se adaptar a mudanças.
Resiliência é um termo originário da física, que significa a capacidade que certos materiais têm de absorver impactos e retornar a forma original.
Uma pessoa resiliente, pode ser confundida com alguém inabalável, invencível, ou que não tem problemas na vida. Ao contrário, resiliente é aquele que mais apanha da vida mas, que não desiste, aprende com a diversidade, não se lamenta e continua, mesmo com derrotas. Tirar lição dos erros e seguir adiante.
Parecer feliz tem um custo. Negar as adversidades e tentar parecer alegre e satisfeito sempre…É ou não uma ditadura? E o mais triste é que impede o desenvolver da resiliência necessária. Cada um à sua maneira
“As espécies que sobrevivem, não são as espécies mais fortes, nem as mais inteligentes e sim, as que se adaptam melhor às mudanças” – Academia de Ciências da Califórnia
Miriam Goldstajn
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