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O processo de aquisição e interiorização da Leitura e da Escrita para as crianças é gradativo e pode sofrer influências de vários fatores internos e externos. Esse processo normal faz com que na escrita os registros não corretos possam parecer como trocas ortográficas, mas podemos afirmar que existe um grau de normalidade nas mesmas, que não podem ser considerados como erros. Estas trocas tendem a diminuir na medida em que os menores passam a refletir sobre o sistema de fonemas (sons) e de grafemas (letras), apoiado pelos pais, professores através de motivação e incentivos.
Crianças que apresentam transtornos ligados a audição ou a fala tendem a reproduzi-las na escrita, necessitando de uma avaliação de um foniatra ou de um fonoaudiólogo.
A quantidade, a qualidade e a frequência das trocas são significativas, pois podem ocorrer erros assistemáticos, relativos à falta de atenção, cansaço e outros fatores não tão relevantes. A parte física também deverá ser avaliada para que não haja interferências de problemáticas visuais ou auditivas.
Segundo o GDF (Governo do Distrito Federal) através do Núcleo de Monitoramento Pedagógico existem dez hipóteses sobre as trocas ortográficas.
– PRIMEIRA – é a substituição envolvendo a grafia de fonemas surdos e sonoros. Temos as trocas da sonorização do “p” pelo “b” (como nas palavras “pomba” e “bomba”); som “t” pelo “d” (como “teto” e “dedo”); som “f” pelo “v” (nas palavras “faca” e “vaca”); som “ch/x” pelo “g/j” (como “cheiro” e “jeito”); som “k” como em “ca- que -qui -co – cu” por “g” como em “ga- que- qui- go- gu” (nas palavras “cala” ou “gala”); som “l” pelo “r” (nas palavras “lei” e “rei”). Essas trocas não precisam necessariamente ocorrer na primeira sílaba da palavra, como nos exemplos dados.
– SEGUNDA – é a de Correspondência Múltipla. Esse caso pode ser visto como a das trocas de “Uma Letra ser Representada por Vários Sons”; e “Um mesmo Som Pode ser Escrito por Várias Letras”.
No primeiro caso, tomemos como exemplo a letra “x”: ela pode adquirir cinco sons diversos. São eles:
- Som de “ch” (como em “xícara”)
- Som de “s” sibilante (como em “experiência”)
- Som de “c” (como em “trouxe”)
- Som de “ks” (como em “táxi”)
- Som de “z” (como em “exame”).
No segundo caso, o do Mesmo Som Ser Escrito por Várias Letras, tomemos o som do “s”. Ele pode ser representado pelos grafemas:
- “S” (como em “sapato” e “ensaio”)
- “SS” (como em “passeio”)
- “Ç” (como em “caçador”)
- “C” (como em “coceira”)
- “SC” (como em “crescer”)
- “SÇ” (como em “cresço”)
- “XC” (como em “excelente”).
– TERCEIRA – é conhecida como Alterações Ortográficas Decorrentes de Apoio na Oralidade. Nesse caso, a criança se baseia na transcrição da fala para a escrita (“menino” por “meninu”).
– QUARTA – é a Omissão de Letras. Pode ocorrer em várias hipóteses como nos dígrafos “RR” (como “carro” por “caro”) ou “SS” (“gesso” por “geso”); “GU” por “G” (como em “guerra” por “gerra”); H inicial (“hora” por “ora”), dentre outras.
– QUINTA – é a de Acréscimo de Letras. No início do processo de letramento, muitas crianças podem vir a escrever palavras colocando mais grafemas do necessário. Noutra possibilidade, com o avanço do processo, as crianças podem vir a acrescentar letras em consoantes mudas (como em “pneu” por “peneu”).
– SEXTA – é a Junções e Separações Incorretas de Letras. Isso ocorre quando a criança, ainda apoiada na oralidade, não consegue perceber cada palavra de forma separada e as aglutina (como em “a menina anda” por “ameninaanda”).
– SÉTIMA – pode ser conhecida como Erros por Generalização de Regras, onde a criança aplica regras em situações inadequadas (como a troca do Verbo Fazer no pretérito: “fiz” por “fazeu”).
– OITAVA – é conhecida como Letras Parecidas, como nos dígrafos “ch-nh-lh” e nos dígrafos vocálico como o m-n após vogais (palavras como “canto”, “campo” e “amém”).
– NONA – é conhecida como Inversão de Letras, que são letras ou sílabas fora do lugar, ocorrendo dentro da palavra (palavras como “máquina” por “mánica”).
– A última e DÉCIMA hipótese é a Confusão entre as Terminações ÃO e AM, tanto nos tempos verbais da terceira pessoa do plural (como por exemplo: Futuro, Presente e Pretérito do Modo Indicativo como “eles cantarão”; “eles cantam” e “eles cantaram”) e como na tonicidade das palavras oxítonas e paroxítonas (como “carrão” e “órgão”).
Mas como saber se as trocas são normais do processo ou algum sinal de Dislexia ou outro transtorno, necessitando a intervenção de um psicopedagogo.
A Escola tem condições de perceber os parâmetros da normalidade dos erros ortográficos. Caso as dificuldades sejam maiores, geralmente são feitas intervenções tanto em sala de aula como num trabalho mais individualizado. Permanecendo as dificuldades ou não havendo a evolução de forma satisfatória, será feito um encaminhamento para um psicopedagogo especializado na área.
Após uma Avaliação Psicopedagógica e, se necessário for, a indicação de outros profissionais como neuropediatra, será ele, o Psicopedagogo, quem fará não só o atendimento da criança como a orientação da Escola e da família, promovendo o crescimento deste menor e ajudando sua auto-estima. Ele é o profissional especializado em solucionar cada uma das hipóteses, trabalhando não só a parte pedagógica da Leitura e Escrita, mas promovendo o sucesso e o futuro do estudante.
Esse trabalho integrado é o que realizo em minha Clínica obtendo melhoras significativas nos diversos casos.
https://pt.slideshare.net/equipeanosiniciais/ortografi-quadro-segundo-zorzicom-alteraes-2
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